Desenvolvendo novas habilidades de vida

Após os acontecimentos do final do ano de 2019, reparei que apesar de ser bióloga, eu nunca aprendi habilidades básicas. Aprendi sobre as diferentes áreas da biologia, que são bastante úteis no dia a dia, mas que na vida real, em situações de emergência, não bastam.

Por exemplo, aprendi sobre botânica, mas não sobre como plantar e manter um jardim. Aprendi sobre nutrição, mas não como conservar alimentos. Aprendi zobre zoologia, mas não como conservar carnes. Aprendi sobre microbiologia, sei muita coisa sobre prevenção e esterilização, e lidar com microorganismos patogênicos, mas nunca aprendi sobre como cultivar fungos comestíveis ou espécies benéficas. 

O que mais aplicava no dia a dia de conhecimentos básicos era na vida social (conhecimentos sobre comportamento animal e humano) e conceitos químicos e bioquímicos na cozinha (melhor forma de lavar alimentos, por exemlo).

Ou seja, aprendi inúmeros conceitos teóricos, mas praticamente nada prático. Ainda mais tendo optado por me especializar na área científica de produtos naturais relacionados a saúde, o que afunilou ainda mais o desenvolvimento de habilidades realmente importantes.

E claro que perceber isso não aconteceu de um dia para o outro, mas sim a medida que aplicar habilidades básicas  se tornaram necessárias e eu me vi sem ter idéia de como começar.

Durante o ano de 2020, me vi com necessidade de preservar alimentos frescos, então passei a assistir vídeos na internet de pessoas ensinando a fazer conservas e comecei a fazer em casa. Comecei com conservas salgadas. Depois, descobri um produtor orgânico de laranjas, e iniciei conservas doces de casca da fruta, e também de maçã.

Mas senti necessidade de aprender mais, entao comecei a ler sobre como desitratar alimentos, como estocar e armazenar adquadamente cada produto. Me interessei por aprender a produzir meu próprio vinagre e fermentação, a fazer sabão e sabonete. Comecei a ler sobre como criar um jardim e plantar alimentos.

E, no final, quando comecei a ler e aprender sobre como fazer essas coisas, tenho vaga lembrança de que minha avó fazia tudo isso e muito mais, que ela sabia lidar com gripes, refriados, febre e parasitas, que ela fazia seu próprio sabão, costurava sua própria roupa.

Ela acabou não repassando esses conhecimentos para minha mãe (talvez achou que não seria necessário ou minha mãe não quis aprender). Como efeito de cascata, minha mãe nunca fez questão de me incluir nas atividades do lar, e o que aprendi foi de olhar e tentar fazer de curiosidade. A fim de tentar quebrar esse ciclo, tento aprender o máximo que consigo e passar isso para meu filho. 


Conservas

Para começar, a grande maioria dos vidros que uso para conservas que faço reutilizo dos potes de conserva que compro (azeitonas). Algumas inclusive ganhei de conhecidos. Em geral, tento manter a mesma marca e forma dos potes. Primeiro, pois prefiro homogeneidade, segundo, garanto que o tamanho das tambas se mantenha constante.

O maior desafio é adquirir tampas para os potes. procuro ao máximo reutilizar, mas mesmo com muito cuidado, elas precisam ser substituídas para garantir a qualidade e segurança dos alimentos. Desconheço fornecedores de tampas por aqui, então acabo comprando tampas sobressalentes através de sites de compra online. Infelizmente ainda é minha única opção e corresponde a um valor bastante salgado por quantidade pequena.

Até agora a rotina e quantidades de conservas ainda está pequena perto do que eu poderia fazer, mas isso se deve a questão de limite de armazenamento. Eu adoraria ter um cômodo com estantes de madeira rústica repletas de potes de conservas coloridas, como aqueles comuns em "homesteads" americanos. 

Até o momento, sei fazer bem conservas de pepinos, batatinha, cebolinha, fungos, casca de laranja, doce de maçã. Ainda estou aprimorando a conserva de alho (em algumas acontece oxidação de um dos componentes deixando os dentes de alho com cor azul esverdeado). Também pretendo testar a conserva de abóboras.




Desidratação de alimentos

Infelizmente meu forno elétrico não serve para o propósito, e até o momento estou muito limitada em relação ao que consigo desitratar. Em geral, seco ervas espalhando elas numa grade que mantenho em cima do forno elétrico o que permite que ela seque rapidamente sem queimar.

Arrumei um suporte de desidratação para manter ao sol, mas ainda não funcionou pelo fato de eu não ter nenhuma área externa com sol direto. Espero que o próximo imóvel tenha sacada ensolarada, pois o sol e calor daqui são perfeitos para desitratar alimentos.

Mas, se tudo falhar, existe sim a possibilidade de adquirirmos um desidratador. A maior vantagem seria no ganho de tempo (horas ao invés de 1 ou dois dias ensolarados). Mas a verdade, é que eu eu adoraria saber fazer isso sem dependência de energia elétrica.



Cremes e tinturas

Outra coisa que foi prejudicada foi a aquisição de produtos de uso geral, especialmente aqueles de farmácia.

Desodorantes industriais causavam alergia local ou respiratória (perfume) no marido e o efeito era de curta duração. Passei então a fazer nosso próprio desodorante com ingredientes naturais que usamos em casa. Acabaram-se as alergias e o efeito é do dia inteiro. 


O fato de cada vez mais ser difícil de encontrar cremes dentais sem flúor, especialmente infantís (e quando achamos são super caros), acabei produzindo nosso próprio creme dental, que assim como o desodorante, contém apenas produtos naturais que usamos em casa. Desses, ainda tenho certo estoque que o marido e eu usamos, mas meu pqno prefere o que eu faço e até hoje está com a saúde bucal perfeita.

Aqui também existes mosquitos e pernilongos, mas os repelentes são perfumados demais para nosso gosto. Acabou que faço nosso próprio repelente também usando apenas produtos naturais. 

Além disso, eu tinha enxaqueca crônica e rotina em tomar medicações. Nenhum médico conseguiu identificar a causa (que provavelmente é multifatorial), e por anos eu sofri com isso. Até que comecei a estudar sobre herbalismo, e meu primeiro teste foi uma tintura que fiz para mim. 

A mais de um ano as crises de dias acabaram, e raras foram as vezes que precisei de medicação industrial para o mesmo efeito. Minha solução foi atentar na prevenção, mas claramente sou a favor da utilização de medicação específica em caso de necessidade. E, uma vez que não sou médica de humanos, sei que qualquer teste dessa natureza deve ser realizado sob a supervisão de um médico e/ou especialista, uma vez que sensibilidade aos produtos e doses precisam ser cuidadosamente avaliadas e determinadas.

Comentários