Sobre `Descobrir` como as Pessoas são de Verdade

Outro dia um conhecido postou em sua rede social a seguinte frase: 

"Difícil quando você descobre como as pessoas são de verdade... muito triste e chateado."

Não sei o que aconteceu, mas considero que o evento em si não seja o mais importante no momento. Tenho grande carinho e até admiração pela pessoa que escreveu a tal frase, e apesar de não saber o que aconteceu de fato, gostei da frase em si pois ela me fez refletir em quantas vezes já disse ou pensei de forma parecida... 

Você já parou para pensar em todas as vezes que, de repente, quando menos esperamos, alguém age de uma forma completamente inesperada que frustra nossas expectativas com relação a essa pessoa? Ainda mais quando, em média, o conjunto de atitudes daquela pessoa, nos fazem acreditar que ela é perfeita para ter nossa amizade?

Em geral, tendemos a acreditar que o problema é o outro, principalmente quando o outro age  (ou apenas faz um comentário) inesperadamente, de uma forma que consideramos (ou preferimos considerar) errada ou injusta. E dependendo do caso, uma das atitudes que tomamos é ficar chateados, discutir, brigar, nos afastar.

A tempos cheguei a conclusão que o que é óbvio para mim, pode não ser para o outro, ainda mais num período onde as pessoas estão cada vez mais individualistas (basta observar na rua a quantidade de gente que fica com os olhos grudados na tela de algum aparelho eletrônico, mesmo em grupos). Mas confesso que as vezes ainda me pego indignada com o fato de algumas pessoas não reconhecerem o tal "óbvio". 

Quando li a tal frase, passou pela minha cabeça que além de individualistas, estamos nos tornando também generalistas: acreditamos que nossas prioridades são as mesmas (ou deveriam ser) da do outro, assim, criamos a expectativa que a atitude do outro será exatamente da forma como esperamos... 

Acontece que o outro teve experiencias diferentes das nossas e pode ser que, naquele exato momento, a realidade dele, as prioridades dele, se choquem com as nossas. A tendência natural dos eventos, considerando que somos animais instintivos, é de resumirmos tudo o que passamos com tal pessoa ao "aquele momento", e é aí que o conflito se instala.

Como não tenho ideia do que aconteceu pois o comentário ficou por isso mesmo, penso que de duas uma:

1. O outro  realmente sacaneou, agiu de má fé (mas nesse caso, facilmente seria possível detectar os sinais de que a relação não tinha reciprocidade, pois as pessoas frequentemente mostram como são e como pensam). Ou seja, era esperado.

2. O outro. continua sendo exatamente o que é ou o que achávamos que ela poderia ser, porém, possivelmente nós mesmos criamos uma ou mais situações que fizeram com que ela agisse de tal forma excepcional, pois tal ou tais situações, foram de encontro com as prioridades ou não prioridades dela. Nesse caso, imagino que com uma conversa sincera entre as partes, o equilíbrio seria re-estabelecido. 

Neste último caso, para se re-estabelecer o equilíbrio, ambas as partes deveriam estar dispostas a conversar. E nesse sentido, a dúvida que fica é: quantas vezes estamos dispostos a dialogar? Mas dialogar de cabeça aberta, dispostos a entender o ponto de vista do outro, expor o nosso ponto de vista e tentar chegar a um acordo. Na maioria das vezes acabamos por colocar mais um tijolinho na parede que nos separa do mundo: seja porque não somos capazes de manter nossa mente aberta, seja porque o outro já tenha demonstrado que é incapaz de manter a cabeça aberta...

Finalmente, quando li o desabafo, imaginei: realmente é difícil "descobrir" como as pessoas são de verdade, mas qual será o sentimento das pessoas quando elas "descobrem" quem somos de verdade?

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