Desafios Mude.nu - Descondicionando a Felicidade

No dia 21/05/2041, um dos professores de Med Vet realizou uma sessão de meditação antes da prova, mas poucos alunos quiseram participar. Dos que participaram, a maioria nunca tinham meditado. 

Ele falou um pouco a respeito dos sentimentos de raiva, medo e tristeza e também do amor. Também falou sobre o fato de que as pessoas andam tristes, cabisbaixas, pois o foco é a tela de um celular ou tablet. Ele propôs que formássemos dois círculos onde cada um de nós ficou de frente para um colega da classe. A ideia é que olhássemos no olho um do outro, compreendendo que o outro, assim como nós mesmos, é um ser vivo que busca a felicidade.

Muitos ficaram completamente desconcertados, desconfortáveis em ter que olhar para os olhos do colega da frente. Porque? Porque apesar de conviver diariamente, não sabia seu nome? Sempre cruza o caminho e nunca cumprimenta? Felizmente, o motivo era mais simples: falta de hábito mesmo.

Outra reação imediata foi ouvir comentários sobre como seus olhos são bonitos, e o professor interviu dizendo que aquele momento era para meditar no sentido de que o outro não é a aparência externa, mas sim os trancos e barrancos pelos quais ele passou para chegar até ali, e que assim como nós, tem o desejo de se tornar médico veterinário. Ele pediu que tentássemos perceber que somos parecidos, na essência, que é o que realmente conta no final, que sentíssemos carinho pelo outro, o qual olhávamos nos olhos naquele momento.

E no final de cerca de um minuto olhando o outro nos olhos, ele pediu que dessemos um abraço no colega e os alunos que formavam o círculo de dentro, deu um passo para o lado e se posicionou de frente para o próximo colega. Isso se repetiu até o final do círculo.

A maioria teve muita dificuldade em manter o olhar fixo nos olhos do outro, sempre aproveitando para dar uma espiadinha para o lado, sei lá, parece realmente que o inconsciente coletivo entende que os "olhos são a janela da alma". Outra fato interessante é que na hora do abraço, as pessoas também se sentiram desconcertadas em abraçar o outro, sendo a ação muitas vezes rápidas demais ou "distantes" demais, ou ainda dando os famosos tapinhas. A verdade é que essas pessoas não estavam abraçando de verdade. E o professor explicou a diferença. 

E foi aí que a mágica aconteceu: nós usamos máscaras o tempo todo de uma forma ou de outra, pois precisamos nos mostrar como fortes, felizes, bem sucedidos, realizados, prósperos perante uma sociedade que a cada dia exige mais e mais de si mesma. O problema é que em geral, nos sentimos sozinhos, infelizes, amedrentados, ansiosos pelo dia de amanhã, fugindo dos fantasmas do passado...

E não foram poucos, que ao sentir, sabe-se lá pela primeira vez, que ao serem devidamente abraçados, choraram. Foi muito emocionante ver e participar da atividade. Eu já havia realizado uma atividade similar a essa, mas confesso que a forma de exposição feita, fez com que a experiência se fixasse na memória.

No final, a ideia era irradiar carinho e amor para o próximo, amor esse que pode ser captado facilmente pelo ar que respiramos, pela água que bebemos, pelo alimento que comemos. Em seguida fizemos um pequeno momento para agradecer pela oportunidade da vida.

E o que isso tem a ver com o Descondicionando a Felicidade do Desafio Mude.nu?

A tempos atrás eu buscava a felicidade, satisfação e a alegria através da aquisição de bens materiais, só considerava viagens realmente longas e demoradas como momentos felizes, fazia questão de participar de festividades do calendário por considerar que estes eram dias especiais e que se eu perdesse esses momentos eu seria infeliz, tínhamos talheres e jogos de cama e banho para serem usados somente em ocasiões especiais. 

Mas os bens materiais perdiam a graça tão logo eram adquiridos, apesar de maravilhosas, viagens muito longas e demoradas começavam a cansar, participar de festividades do calendário sempre eram exaustivos e acabávamos nem aproveitando muito pois a maioria do tempo tínhamos que nos deslocar entre várias casas. As ocasiões especiais eram tão raras que os acessórios mais bonitos e confortáveis ficavam envelhecendo nos armários e gavetas.

Percebi, graças a aula, que temos descondicionado nossa felicidade, num processo iniciado desde que nos casamos (8 anos atrás). Deixamos de consumir por consumir, deixando de gastar um dinheiro que podia ter sido melhor investido. Todo e qualquer passeio passou a ser vivenciado como um momento especial. Só participamos de festividades que fazem sentido para nós e curtimos o momento. Graças aos destralhes e desapegos, somente mantivemos o que consideramos de melhor qualidade e usamos em nosso dia-a-dia, pois todo dia passou a ser especial também.

Graças a essa aula, entendi que tenho conseguido me sentir feliz e em paz, na minha casa, com pessoas que nos são queridas, com pessoas que não temos tanta afinidade assim (apesar de evitarmos), no busão indo e vindo, em qualquer lugar. Percebi que a muito tempo paramos de esperar por grandes eventos e que quando isso de fato aconteceu, momentos incríveis e muito mais frequentes passaram a fazer parte do nosso dia-a-dia.

Comentários

  1. Eu pratico yoga já há alguns anos e realizamos um exercício parecido a esse que você citou, deviamos sentar de frente um para o outro, olhar nos olhos e enviar amor através dos olhos, mas só fazemos com uma pessoa depois devemos agradece-la e abraça-la. Confesso que nas primeiras vezes eu ficava muito constrangida por fazer isso, realmente parece que os olhos são a janela da alma e sempre sentia que as pessoas iriam me enxergar além do que devia. Com o tempo fui perdendo um pouco da inibição e receios porque percebi que todo mundo se sentia assim e fui me soltando mais. É algo difícil sim de ser praticado. E estou numa fase parecida, graças tb a minha prática da gratidão...percebendo que a felicidade está nas coisas simples e não em coisas grandiosas ou caras. E que a vida retribui tudo aquilo que projetamos ou pensamos. E tenho sentido também essa paz em qualquer lugar que vou ou estou. Me dou agora ao luxo e ao direito de recusar convites para eventos com pessoas que não me acrescentam em nada ou tenham carga negativa muito elevada pra que eu possa sempre manter essa paz e tranquilidade. Acho que isso é crescimento e maturidade não? Bjs

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    1. Obrigada pela sua mensagem. Acho que isso é crescimento sim, um grande amadurecimento interno! Lindo final de semana para vc! Bjs

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