Minimalizando o minimalismo!

Olá a todos,

Quem escreve, desta vez, é o Daniel, o marido!

Andei lendo algumas coisas sobre o minimalismo que conheci através da esposa e decidi fazer algumas reflexões sobre o assunto. Também  me simpatizo com a "causa", risos. Acho bem interessante a proposição de se viver uma vida mais simples, mas não podia deixar de fazer uma boa reflexão do assunto, visto que isso faz parte da minha natureza e até mesmo da minha formação científica.

Começo minha reflexão com uma citação:

"Aqui vai um segredo. Independente do que você pensa que a sociedade lhe deve pelo fato de você ser gente boa, a verdade é que o sustento da sua vida vai depender da sua capacidade de produzir ou de aproveitar os frutos da produção de alguém." (Fonte) Diogo Costa.

Um fato interessante da sociedade global atual é que as pessoas, mesmo as consideradas classe média baixa e até mesmo apenas baixa (classe C), com exceção dos indigentes (que o são por "n" motivos que não são o foco do texto), nunca comeram tanto, se embelezaram tanto e puderam comprar tanto. Tanto é verdade que a obesidade é uma epidemia que atinge principalmente as camadas mais pobres da população, segundo dados muito bem divulgados (fonte), isso no mundo todo, seja na Índia ou no Brasil. As pessoas não apenas têm condições de comerem muito, independente da consideração que se faça a respeito, mas também em toda a história da humanidade, as pessoas nunca puderam TER tanto, independentemente da camada social a que se faça referencia. Acredito que isso seja a verdadeira origem do minimalismo.

As pessoas de hoje, possuem muita tranqueira em casa, mas a quantidade de tranqueiras não contribui para uma melhoria da qualidade de vida. Dessa forma, surgiram movimentos que não prezam o deixar de consumir, afinal as pessoas não podem simplesmente parar de consumir (sejamos realistas), mas consumir menos e com mais qualidade. Como um exemplo, cheguei a ver casos nos EUA de pessoas que compravam tanto, mas tanto que não tinham mais espaço na garagem para colocar o carro. A pergunta que se faz é: preciso consumir, mas preciso consumir tanta tranqueira? Consumir tranqueiras não te ajudará em nada e também não ajudará em nada o meio ambiente. Portanto, faça-se o minimalismo...

Ao ler o post da esposa (link), pensei em complementar o que por ela foi dito, repetindo: vivemos em uma era em que tudo é produzido de maneira eficiente e em larga escala: uma pessoa classe C de hoje, pasmem, vive mais, come mais e melhor e pode ter mais objetos para simplificar a vida, que um nobre ou mesmo um rei medieval. Esta consideração é muito interessante e me faz refletir muito sobre o como o mundo mudou. A diferença de ser classe C hoje em dia e de ser pobre antes das revoluções industriais é que o pobre de antes era quem não podia ter sequer sapatos e o de hoje é quem não pode ir para Miami ou ter objetos oficiais de marca como um relógio de marca "x", mas tem relógio, roupas e sapatos de marcas "inferiores" e que cumprem o mesmo papel (e olhe que muitos têm, na dita classe C- pela classificação do atual governo, se endividam e fazem o diabo, mas têm estes produtos de marca).

Onde quero chegar com isso? 

O movimento minimalista é algo ressuscitado recentemente (diversos filósofos da antiguidade já pregavam levar uma vida mais simples), mas que na modernidade, está intrinsecamente relacionado à produtividade industrial que dentre outros efeitos, tornou tudo acessível e comparativamente mais barato (no Brasil, não tão barato por motivos que não entram no escopo deste texto). 

Enfim, as pessoas, incluindo as pessoas da dita classe C, compraram tanto, mas tanto, TANTO, nos últimos tempos, que estão entulhadas de tranqueiras em suas casas. Aliás, é a classe que mais impulsiona a economia nos tempos modernos (fonte). 

Enfim, por mais que se critique a sociedade moderna, as pessoas nunca foram tão prósperas e como disse o Diogo Costa o sustento da sua vida vai depender da sua capacidade de produzir ou de aproveitar os frutos da produção de alguém. Ou seja, na verdade, o que nunca foi tão alto é a produtividade. Produzimos, produzimos e produzimos. E o lado feio da moeda é o desperdício.

Ao meu ver, ser minimalista é encarar a realidade como ela é, sem hipocrisia, mas diminuir o malfadado desperdício de alimentos, tempo, energia, matéria prima, dinheiro, planeta, etc. Considero que esta é a palavra mágica dos minimalistas - reduzir para tornar mais eficiente. 

Se a sociedade capitalista é produtiva somos tentados o tempo todo a consumir o que é produzido, seja por propagandas, seja por desejo, por ansiedade, para ser aceito, ou o que for. Na minha concepção, isso não é o problema em sí, afinal, o consumo gera empregos ao movimentar a economia e todos podem viver melhor quando o consumo na sociedade é alto (veja o efeito das recessões, onde a capacidade de consumo foi afetada). Isso é bem lógico.

Enfim, o problema é muito mais individual, mas que passa pela esfera do coletivo no que tange o desperdício. Ser minimalista, não é deixar de consumir. Precisamos consumir até mesmo para sobreviver e manter a sociedade funcionando. Ser minimalista, na minha visão, é ser eficiente na organização da vida e aprender a gastar de forma equilibrada e mais eficiente o fruto de nosso trabalho. Afinal, quanto tempo precisamos trabalhar para pagar uma televisão nova, quando a antiga ainda funciona perfeitamente?

É uma questão muito mais racional e muito menos emocional, ligada a crenças, religiões, movimentos políticos e etc. Afinal, como dizem os economistas, o ato de poupar, por exemplo, é apenas uma forma de acumular dinheiro para ser gasto e/ou investido no futuro de forma mais eficiente e racional.

Ser minimalista é ser eficiente e extremamente racional com o consumo. Deixe a emoção para ser feliz com quem você ama, conhecer novos lugares e, porque não, consumir, mas consumir muito bem. Consumir apenas e extrinsecamente aquilo que necessita e não torrar todo o seu dinheiro em quinquilharias que vão reduzir ainda mais o seu tempo para curtir a vida.

Daniel

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