O Tempo não Para

Desde 2012, tenho ido ao trabalho de ônibus. Foram raras as vezes que cochilei, na maioria das vezes intercalo leituras com observação ao longo do trajeto. E, todas as vezes, principalmente na volta para casa, uma imagem sempre atraí meu olhar.

Trata-se de uma mulher, que passa o dia sentada no chão, em frente do portão do que parece ser a casa dela. Não tenho como definir a casa, pois o muro é relativamente alto, e o portãozinho, que serve para a passagem de pedestres, é todo fechado. 

E do lado de fora, uma das vias principais que ligam duas cidades, serve de caminho para a passagem de ônibus lotados de pessoas que vem e vão, de carros e outros automóveis. Pessoas que vão e que vem, todo dia, o tempo todo. 

E todo dia ela está lá, sentada na calçada.

E toda vez a observo, o tempo que demora para o ônibus seguir. As vezes eu penso que ela está perdendo o tempo dela, deixando de criar, construir, aprender, ajudar, ou simplesmente existir estando lá, parada. As vezes penso que ela está assistindo um breve momento da vida de cada um que atravessa seu caminho. 

E, nesse instante, me pergunto se ela é feliz, se ela escolheu conscientemente estar ali ou se ela fica lá, sentada por achar que é incapaz de ser ou agir diferente. Mas sim, isso é escolha única e exclusiva dela... Será que ela sabe disso?!?


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