Será que Realmente Sabemos Porque Nos Tornamos Minimalistas?

Outro dia li um comentário que me me fez sentir irritação e preocupação por quem escreveu (nem conheço) e comigo mesma (por me deixar afetar). De qualquer forma, passado o choque, podia ser comigo... Copiei o texto, para ler com calma e dividir com vocês a sequencia de raciocínio que se seguiu:
Desabafo do dia! Esse sistema capitalista me da nojo. Ha uns tempos atras ganhei um cartão gold de uma rede de perfumaria francesa chamada xxx. Eles costumam dar esse cartão para pessoas que gastam muito la e houve uma época que eu andei comprando bastante, mas enfim. Mesmo tendo jogado o cartão fora recebi um convite para uma festa privada que segundo eles é  para clientes vips -uma festa toda "requintada", regada a champage e canapés - e os clientes gold tem 20% de desconto nos produtos deles. Como eu desisti de ir, liguei para a loja e disse que não poderia comparecer e perguntei se podia pegar meus brindes na mesma, um outro dia. A resposta foi direta: NÃO! A verdade é que eles não estão nem ai para nos agradar. Eles querem é nos empurrar os produtos deles guela a abaixo. Fico indignada com essa falta de consideração com o consumidor. Essas coisas  me encorajam cada vez mais a me tornar cada vez mais e mais minimalista e  consumir coisas que valem a pena em empresas que valorizam o consumidor. Essas empresas não merecem meu suor, meu dinheiro e nem meu respeito. (Mensagem postada por uma pessoa que vive em Luxemburgo...)
Passei o feriado pensando sobre isso pois no meu caso, quanto mais eu me conhecer, mais conscientes serão minhas escolhas... A intenção não é julgar certo ou errado, mas sim, parar para pensar se realmente estamos sendo verdadeiros conosco mesmo... Imaginem só:

Um belo dia você se depara insatisfeito com qualquer aspecto da vida e de repente ouve falar de uma tal corrente minimalista, que prega o desapego material e psicológico... Acha que se desapegar de (quase) tudo vai resolver todos os seus problemas... começa então a se desfazer da parte material, o que é natural: quando podemos "tocar" nas mudanças fica mais fácil "enxergar" os resultados... Principalmente para quem nunca teve uma rotina de destralhar a vida material, obviamente percebe a dificuldade de se desfazer de algo que "custou tanto $", mas que na verdade não custou o $, mas sim o tempo que você investiu para ganhar o $ que por sua vez permitiu que você adquirisse aquele dado objeto. Mas é claro que com o tempo e determinação, passada essa fase, esquecemos que na verdade, o que conta mesmo nesse processo é justamente a consciência a respeito dos motivos pelos quais escolhemos seguir pelo caminho A ao invés do caminho B, C, D ...

Dito isso, voltemos ao texto que me motivou a escrever esse post:
Mesmo tendo jogado o cartão fora recebi um convite para uma festa privada que segundo eles é  para clientes vips - uma festa toda "requintada", regada a champage e canapés - e os clientes gold tem 20% de desconto nos produtos deles. Como eu desisti de ir, liguei para a loja e disse que não poderia comparecer e perguntei se podia pegar meus brindes na mesma, um outro dia. A resposta foi direta: NÃO! 
Particularmente, não vejo motivo pelo qual a tal empresa deveria entregar um brinde para um tal convidado que não fosse prestigiar o tal evento. Se a tal empresa tivesse dito SIM, talvez nunca tivéssemos sabido desse acontecimento, talvez somente uma meia dúzia de pessoas próximas a pessoa que escreveu essa mensagem conheceria esse fato. No entanto, o descontentamento da pessoa que escreveu, atingiu uma quantidade imensa de pessoas, a maioria, desconhecidas.

Ainda, a autora desse texto, disse que as empresas não tem consideração pelos consumidores... ora, se ela jogou fora o cartão e deixou de consumir os produtos da tal empresa, ela deixou de ser consumidora (pelo menos da tal empresa)... 
A verdade é que eles não estão nem ai para nos agradar. Eles querem é nos empurrar os produtos deles guela a abaixo. Fico indignada com essa falta de consideração com o consumidor. 
Achei a seguinte frase bastante contraditória: o fato da empresa ter dito NÃO mostra que ela está escolhendo o tipo de clientela e não "empurrando" os produtos deles guela abaixo de ninguém.
Não sei se sou apenas eu, mas não consigo ver quem oferece produtos com esse olhar. Para mim, quem cria algum produto e coloca a venda, o faz com um preço (preço da criação, criatividade, materialização da ideia). Quando adquirimos o tal produto, é porque consideramos que valeu a pena pagar o preço. É o mesmo que financiar um dado bem e depois correr na justiça alegando que os juros são abusivos! Ora, se achou isso, porque comprou??? Acho que precisamos começar a assumir as consequências de nossos atos! 

Essas coisas  me encorajam cada vez mais a me tornar cada vez mais e mais minimalista e  consumir coisas que valem a pena em empresas que valorizam o consumidor. Essas empresas não merecem meu suor, meu dinheiro e nem meu respeito. 

Adquirir um produto "não" essencial é arcar com o valor praticado. Se você não concorda com o tal valor, existem diversas outras soluções. Comprar no exterior é uma delas, faça você mesmo, pesquise e peça desconto, vote conscientemente e, se tudo falhar, sendo "não" essencial, talvez seja melhor não comprar...

Todos deveriam ser respeitados independente de qualquer coisa. Respeito é fundamental para o bom "andamento" da sociedade humana. Nenhuma empresa ou produto merece nada de mim a não ser o meu respeito. Pois assim como eu, a empresa é formada por pessoas. Estamos todos na busca de felicidade e a felicidade pode significar diferentes coisas dependendo de cada um de nós, baseado em nossas experiências e vivências. 

Da mesma forma que podemos dizer que fulano não merece nosso tempo (em qualquer formato), o tal fulano pode achar que nós não merecemos o tempo dele. Nesse sentido, o fato da tal pessoa decidir não prestigiar um evento vip  deixou de ser considerada merecedora do tempo da tal empresa. Fazemos isso o tempo todo! Pessoas são pessoas, mesmo que elas estejam numa empresa, fazendo o papel de vendedora!

A única pessoa que merece o meu suor e o meu dinheiro, sou eu mesma pois é o resultado do que eu faço com a vida que escolhi ter: uma vida minimalista: Aliás, o que um minimalista iria querer com um brinde?! Brinde é brinde, praticamente uma tralha...

Finalmente... nos tornar minimalistas, procurar simplificar a vida é uma escolha que precisa ser tomada de forma consciente. E a consciência baseia-se num motivo nobre, verdadeiro consigo mesmo. Escolher se desapegar disso ou aquilo é para abrir espaço para que possamos melhorar a qualidade de um aspecto de nossa vida que consideramos mais significativos em nossas vidas. 

Decidir ser minimalista por que alguém ou algo feriu nossos sentimentos nos mantem na posição de coadjuvantes de nossas próprias vidas... Por isso, o minimalismo é sim uma atitude individualista, pois visa o bem estar de cada indivíduo isoladamente. Mas esse individualismo, quando assumido conscientemente, ele traz benefícios diretos para o indivíduo em si e diretos ou indiretos para todos os que os cercam... 

Agora, imagine se cada indivíduo (minimalista ou não) pudesse se sentir pleno, cada um consigo mesmo, o que aconteceria com o todo?!

Comentários

  1. Também li este comentário e dois pensamentos (similares ao seus) me ocorreram: Para que ela quer um brinde da loja, já que ela não precisa dele e nem quer ser cliente da perfumaria? Por que a loja teria obrigação de disponibilizar o brinde em outro horário?

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    1. Olá Renata,
      Pois é. Sinto que o conceito de minimalismo e simplificação para muitos ainda está confuso.
      Vire e mexe nos deparamos com comentários similares, no sentido de serem contraditórios com nossas palavras. Fico imaginando quantas vezes cada um de nós não agimos da mesma forma. Por isso a ideia não é julgar o fato mas perceber que precisamos nos manter conscientes o mais tempo possível sobre nossas escolhas e os motivos pelos quais fazemos ou deixamos de fazer alguma coisa. Afinal, somos os únicos responsáveis pelas nossas próprias escolhas.
      Considero que destrinchar esse pequeno texto nos ajuda a perceber mais facilmente nossas próprias palavras!
      Valeu pelo comentário e excelente semana!

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