Presente ou Problema?

Atualizando um pouco, relato agora um fato ocorrido no dia do meu niver (mês passado) e que considero estar de acordo com os assuntos tratados nesse blog e com nossos interesses... E, mesmo sendo meio longo, pode ser que ajude alguém...

Num final de semanas antes do meu niver, acompanhada de uma amiga, visitei uma mostra de decor na cidade. Foi em bacana pois nunca havia visitado um evento desses e foi ótimo para espairecer já que eu estava num loop de trabalho e mais trabalho... 

Mas antes que esse post fique longo antes de falar do que realmente quero falar, a única informação que falta é que, no final do passeio, ainda no tal evento, fomos abordadas por uma gentil pessoa que nos ofereceu um cupom para concorrer a uma viagem e coisa e tal, oferecido por uma empresa de turismo que ao meu ver, patrocinava o tal evento. Você disse viagem?! Mas é claro!!! E lá preenchemos um cupom cada uma...

Eis que no dia do meu niver, recebo um telefonema dizendo que eu havia sido selecionada e ganho (além de mais alguns outros xis casais) a tal promoção. Perfeito! Presentão! A pessoa se identificou, identificou a empresa, identificou as características do prêmio, e agendei uma visita a tal empresa. Para efetivamente retirar o prêmio, o marido e eu deveríamos nos dirigir a tal empresa onde conheceríamos pessoalmente a idoneidade local e bem como nos apresentariam as propostas relacionadas.

Pois é... esse negócio todo mundo conhece... mas eu já tinha ouvido falar de tal situação e estava tranquila quanto a veracidade dela. Concordei com as colocações e lá fomos, nós dois conhecer a tal empresa e buscar nossa tal premiação. 

A proposta da tal empresa realmente é bem bacana. Eles focam na hospedagem em viagens (variando de 3-5 estrelas), mesmo oferecendo aéreo, terrestre... Na verdade, é um tipo de sociedade, o cliente fica sócio da tal empresa a partir da compra (financiamento) de viagens... É como financiar, pode até ser pelo resto da vida, viagens para qualquer lugar do planeta (somente a hospedagem) e com a opção de poder levar amigos, parentes em algumas situações especiais... E, realmente o investimento, a longo prazo, valeria bastante a pena... mas é claro que isso depende do estilo dos ´sócios turistas´...

A apresentação da proposta como um todo é tentadora do começo ao fim. Na tal sede da empresa, cada casal selecionado, se acomoda numa mesa com um agente exclusivo (tudo numa única sala com uma vista linda da cidade), é servido café, água, refrigerante, salgados... em suma atendimento vip. A temperatura da sala extremamente agradável, os agentes extremamente carismáticos, gentis e que tratam do assunto num tom informal, deixando a tal reunião estilo ´sinta-se em casa´. 

Tudo isso, pessoas comuns como eu e você perceberiam de forma inconsciente... a consciência da situação vem quando um agente, de outra mesa, pede atenção de todos e uma salva de palmas para o casal que acabara de se associar ao grupo. Imediatamente virei para a agente que conversava conosco e disse que aquilo era intimidação... lógico que falei em tom de brincadeira, mas todos sabiam que era verdadeiro.

E a conversa continuou e outro casal recebeu salva de palmas pela aquisição de um pacote pela empresa... e mais outro... Muito embora tenhamos achado que o que nos estava sendo oferecido era realmente interessante, para nós, no momento atual, não valia a pena. E o tempo todo fazíamos essa colocação. E assim foi até o final quando tentaram nos empurrar a oferta "exclusiva" que seria apresentada para somente um casal convidado, no caso nós dois.

Em suma, passamos 4 horas sentados em frente ao agente, ao gerente e outro vendedor da ta empresa (pois é, fomos os últimos a sair), com eles reduzindo valores, facilitando pagamento, oferecendo ofertas exclusivas e, mesmo tentados, saímos de lá com um voucher de R$ 60,00 para gastar na padaria X e com nosso prêmio de 8 dias de hospedagem num hotel bem bacana (passagem aérea e taxa de serviço por nossa conta) cujo destino ainda estamos decidindo.

A questão aqui é a parte da tentação. Sim, seria mentira dizer que não pensamos várias vezes sobre as opções apresentadas. Nossa sorte (se é que posso dizer sorte), é que NUNCA decidimos nada dessa magnitude na hora. Sempre optamos por receber a informação, voltar para casa, dormir e somente depois decidir. E as tais ofertas apresentadas tinham validade para o momento. Chegamos até a ler o contrato, mas foi por curiosidade mesmo. A turminha mereceu toda nossa admiração pois eles realmente foram persistentes sem serem chatos (geralmente fico irritada e dou um jeito de ir embora o mais rápido possível).

Quando chegamos em casa, o marido e eu conversamos um tempão sobre o a situação e chegamos a algumas conclusões e abaixo listo as que lembro logo de cara:

- Ambiente climatizado, casualidade gera sensação de conforto e familiaridade
- Educação, gentileza, sorriso traz identificação entre os indivíduos, torna o ambiente confortável e familiaridade
- Respeito, casualidade gera sensação de aconchego, segurança
Você chega num lugar estranho, claro, amplo, com um espaço "reservado" só para você, e seu anfitrião te recebe com sorriso e te faz companhia o tempo inteirinho... quem é que não se sente a vontade logo de cara e baixa a guarda?!

- Reiteram que você foi "selecionado" ao invés de "sorteado", estimula sentimento de sou especial
- O produto oferecido é projetado para pessoas específicas, estimula o sentimento de exclusividade
- Trata-se de viagens e lazer, estimula ainda mais o sentimento de exclusividade e de que somos especiais
Que ser humano não quer se sentir especial? Exclusivo? 

- Trata-se de um produto importante (viagem/lazer) porém que não é item de primeira necessidade, desejos pessoais
- Salva de palmas para os que adquirem um dos produtos, sentimento de mostrar para os outros que também posso (orgulho)
- Cara de "gato de botas" feito pelos agentes, sentimento de empatia: tadinho, será que só ele não vai conseguir comissão?!
Em suma, mesmo tendo certeza que o produto, apesar de interessantíssimo, destoa de nosso perfil, ainda assim, acabamos informando coisas que eram desnecessárias somente para justificar (coisa que não era necessário) que a questão não era exatamente financeira e sim que essa não era nossa prioridade. 

Realmente, quando conquistamos coisa que consideramos grandiosas (imóveis por exemplo) depois de muito poupar, e sem a ajuda de ninguém, nos sentimos orgulhosos conosco mesmo. E muitas vezes, quando alguém supõe que você não pode fazer algo, que na realidade você sabe que pode, mas não quer, isso pode mexer profundamente no ego... Meio que foi isso que aconteceu conosco. 

Mas a lição foi entendida e aprendida e estaremos mais atentos a isso caso nos coloquemos numa situação semelhante: Se podemos ou não podemos alguma coisa, isso diz respeito única e exclusivamente a nós mesmos. NINGUÉM precisa saber disso, muito menos das razões pelas quais você realiza ou não alguma coisa, no caso de ser possível.

Comentários

  1. Adorei seu texto e sua conclusão deu voz a uma pulguinha que estava atrás da minha orelha faz tempo. Essa questão do orgulho e de provar que podemos sim fazer algo é muito apelativo. Tenho um problemão com isso e espero poder resolve-lo um dia.

    Beijão!

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  2. Verdade, é preciso saber deixar para lá esse negócio de sempre achar que precisamos justificar nossas ações... bem para mim!!! hahaha Bjao e excelente semana!

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