Muita gente já encheu a boca, arrebitou o nariz,
estufou o peito e disse que a vida é feita de escolhas. Existe a consciência
(ou não, mas prefiro acreditar que sim) de que, quando escolhemos um ou outro
caminho, estamos abrindo mão de outro(s). E, a cada escolha, a cada
“sim” dado, automaticamente um “não”, segue associado.
No momento em que optamos por uma dada profissão,
abrimos mão das outras; quem se casa, abre mão da vida de solteiro; quem
economiza abre mão de gastos supérfluos; quando votamos em um determinado
candidato, abrimos mão de seus opositores e por assim vai... Afinal, só
existe escolha se houver opções.
Essa consciência parece ser óbvia, mas pare para
pensar em quantas pessoas cada um de nós conhecemos (e quem sabe não nos
identificamos como tal) que estufa o peito, arrebita o nariz e enche a boca
para dizer que a vida é feita de escolhas. E quase que instantaneamente olha
para o cara do lado sentem inveja de por ele ter viajado mais,
preferir uma determinada bebida/comida, ter esse ou aquele estilo de vida, ter
tal profissão (que paga mais)...
Num grupo de indivíduos que estudaram num mesmo
colégio, na mesma classe, tiveram as mesmas disciplinas, escolheram áreas de
atuação diferentes, profissões diferentes, salários diferentes, é comum ter
aquele que se destacou mais, que recebe mais, que viaja mais, que tem menos
vícios, menos dívidas e por ai vai... E, quando esse que se destaca mais, chega
com alguma novidade super bacana, os demais simplesmente o fuzilam com o olhar,
lançam frases com despeito, o chamam de capitalista selvagem... O que na
verdade é pura admiração pelo sucesso do outro que se reverte em inveja pela
covardia de assumir os próprios atos e tentar mudar ou melhorar, já que se
acomodar é muito mais fácil.
Os indivíduos invejosos simplesmente se colocam
numa posição de vítimas da sociedade e do destino, e que não teve escolha... e
todo aquele papo de que a vida é feita de escolhas é varrido para baixo do
tapete (geralmente da casa dos outros). A raiva de si mesmo, para se
justificar (se é que é possível), é transferida para o outro que parece ter uma
vida mais interessante.
Sem contar que todo dia, a vozinha interior do
invejoso grita "e se...". E esse mesmo indivíduo corre pro buteco,
pra boate, pra rua, para o grupo religioso onde o som externo
suprime o som interno e... continua repetindo as mesmas atitudes e escolhas que
o mantém sempre na mesma situação. E se rodeia de pessoas que continuam a
afirmar que ele é um coitado, vítima ou ainda que esse é o seu destino... justificando
manter a atitude estática perante sua própria vida.
Olhar o sucesso do outro, em qualquer aspecto, é
como receber um tapa na cara. É ter a certeza que era uma possibilidade
dependente unicamente das escolhas feitas. Mas é claro que sempre é muito
mais fácil e gostoso sair todo dia para beber com os amigos que ficar em casa
ou realizar atividades caseiras para evitar gastos, que posteriormente podem
ser investidos em atividades ou investimentos muito mais prazerosos.
Provavelmente todo mundo deve ter se arrependido
de pelo menos uma decisão cujo resultado frustrou. Dependendo da frustração,
podemos empacar em um ou mais aspectos de nossas vidas. No entanto, graças ao
poder de escolhas, na maioria das vezes, basta uma mudança de atitude (mudar as
escolhas) para reverter a situação, ou pelo menos não se arrepender mais
ainda.
A verdade é que pelo menos por enquanto, não nos
é possível reviver o passado. O tempo só retorna em nossos pensamentos e
lembranças. Porém, enquanto vivemos, sempre é possível alterar nosso presente e
criar um futuro que consideramos mais adequados para nós mesmos. Basta mudarmos
nossa forma de olhar para o mundo, mudar nossos hábitos, mudar nossas escolhas.
Existem vítimas? Provavelmente devem existir, mas
não é por isso que elas se dão mau na vida como um todo. Se esforçaram para
provar principalmente a si mesmas que eram capazes de conseguir, seja o que
quer que fosse. Simplesmente decidiram (escolheram) não viver em função de
serem vítimas.
E como mudar? Usar as pessoas que consideramos
mais bem sucedidas nessa ou aquela área da vida como espelhos, facilita muito.
É preciso se aproximar delas, observar suas atitudes e hábitos. Ninguém é igual
a ninguém, mas é possível adquirir atitudes e hábitos que são universais para
se dar melhor em qualquer área da vida. É se manter frequentemente atento a
cada atitude e escolha feita diariamente.
No entanto, mudar exige esforço, disciplina e
respeito a si e aos outros. Os resultados muitas vezes demoram a aparecer. E,
num mundo onde a informação e a comunicação e a tecnologia avançam em velocidade
impressionante, ter que esperar dias, semanas, meses ou até mesmo anos, não
parece ser lá uma boa opção. É correr riscos, abrir mão de pessoas,
objetos, relacionamentos, profissão, sentimentos, lembranças...
Infelizmente, muita gente prefere se manter numa
vidinha medíocre e infeliz de sentimento, relações humanas, profissional,
financeiro, saúde, e por aí vai, simplesmente por preguiça, medo e
culpa de se tornar o que á de melhor nesse mundo: SER FELIZ!
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