A verdade oculta com o processo de Homeschooling

Boa parte do meu interesse atual, incluindo a manutenção do minimalismo, é garantir que meu filho desenvolva habilidades de vida que vão além das matérias ensinadas na escola ao mesmo tempo que mantemos comunicação ativa e de interação.

E nesse sentido, nos deparamos 2 grandes desafios:

- o primeiro: quais habilidades de vida e como ensinar cada um deles de forma efetiva, e no meu caso, para um menino. 

- o segundo (e talvez o maior deles): como fazer isso sendo que a geração atual esta vidrada em tela (a competição por liberação de dopamina é bastante desleal).

Infelizmente, a tela foi a única babá e ajudante que eu dispuz desde que sempre, mesmo quando morava próxima de parente. E, muito embora tenha me esforçado para manter o tempo de tela limitado, exceto pela interação com colegas na escola, boa parte da interação com amigos acaba sendo a distância (jogos online).

Para tentar minimizar o tempo de tela, faz parte da rotina desses ultimos 4-5 anos: 

- passeios rotineiros a parquinhos, parques nacionais, museus, zoológico, aquários, etc

- jogos de tabuleiro

- participação de workshops e atividades estracurriculares

- atividades esportivas

- leitura de livros e prática de piano com frequência

E para me auxiliar nesse processo de equilibrar tempo de tela e vida real (que é a única que realmente tem valor), a quase 3 anos tenho trabalhado na questão do Homeschooling parcial.

Claro que quem lê isso acha que tudo flui tranquilamente, mas a verdade é que existem dias bastante desafiadores, pois somos humanos como todo mundo, especialmente pelo fato de que ficar passivo olhando na tela muitas vezes parece ser muito mais convidativo do que colocar a mão na massa e fazer as coisas acontecerem. 

Mas, no dia seguinte, a gente respira fundo e tenta novamente e graças a persistência, a maioria dos dias são muito bons.

No entanto, a atividade de Homeschooling é de aprendizado e também de desafio pois o aprendizado não se limita à criança, mas principalmente ao adulto que se dispõe a praticá-lo (entramos em choque com nossos próprios traumas e a tendência é reproduzí-los):

- exige paciência e tolerância

- exige menos expectativas e mais celebrações de conquistas e da oportunidade de passar conhecimento e aprender durante o processo

Cresci ouvindo que ao acertar, apenas fiz minha obrigação, e que, ao errar, não havia me esforçado o suficiente. 

Por essa razão, tendo a ser perfeccionista em algumas coisas, o que é uma bobagem já que quanto mais exigente, menos chances uma pessoa terá de concluir efetivamente uma tarefa (perfeição não passa de um mito - perfeito é o inimigo do bom e concluído).Só que a mente humana é engraçada, e mesmo sabendo disso, e verbalizando inconscientemente minhas ações são direcionadas na busca da tal perfeição ilusória devido altas expectativas irrealistas.

No dia a dia, sempre enfatizo para o pequeno que ele precisa sim questionar as coisas que o rodeiam para entender o porque algo é permitido ou não e se é justo ou não. Me gabo em dizer que nunca passei uma tarefa sem antes explicar o porque de fazer ou da importancia, e as raras vezes que precisei que a ação fosse rapidamente executada, na primeira oportunidade ele sempre recebeu a explicação da razão.

Outra coisa é que, ele sempre se sentiu confortável em conversar comigo sobre qualquer coisa, especialmetne sebre problemas, pois nunca gritei com ele nesse sentido. O que ele escuta é que devemos nos esforçar e fazer o nosso melhor em tudo o que fazemos. No entanto, nem sempre acertaremos de primeira. E que grandes aprendizados muitas vezes são decorrentes de erros. Muito embora devemos nos esforçar para fazer o correto, acabamos por errar, e quando percebemos isso, temos a chance de aprender e evitar cometer o mesmo erro.

Só que, tão importante quanto FALAR, é importante fazer e ser exemplo. 

Assim, sempre me esforço para manter a minha palavra em combinados. E, se por alguma razão eu não conseguir, ele sempre é avisado, em geral explico que algo aconteceu e eu terei que postergar o que combinamos, e assim que possivel, faço a minha parte. 

Nunca menti para ele, nem mesmo aquelas mentirinhas que adultos contam para crianças para fazê-las obedecer. Por exemplo, em casa nunca dissemos que existe bicho papão, explicamos a importância de dormir na própria cama e que ele estará seguro. 

Claro que não saio contanto qualquer coisa para ele, e omito informações que não são pertinentes a uma criança e, caso ele tenha dúvidas sobre algo cuja resposta não é para a idade dele, digo que infelizmente a resposta será dada um pouco mais para frente pois uma criança ainda não tem a idade para entender o conceito envolvido, mas que é uma promessa que assim que ele estiver preparado, seremos os primeiros a informá-lo sobre a resposta. 

A idéia de sermos sempre verdadeiros para que, especialmente futuramente, ele se sinta responsavel por ser verdadeiro também, não somente conosco, mas com ele mesmo. Nossa justificativa é simples: somos somente nós 3 e precisamos ser honestos uns com os outros para celebrarmos as conquistas, e para resolvermos o mais rapidamente quaisquers problemas que surjam. 

E, novamente, quem lê isso, acha que tudo flui perfeita e calmamente. Mas como tudo na vida, tem dia que os ânimos preferem um pouco mais de ação... e, no meu caso, devido minha criação, meu impulso inicial, muitas vezes é repetir o mesmo, e cabe a mim mesma perceber e fazer o que acho correto, não apenas seguir o impulso.

Assim, o Homeschooling vai muito além de ensinar uma criança. Significa entender a enorme e mais importante responsabilidade e benção de preparar o nosso bem mais precioso, no meu caso, meu filho, para lidar com o mundo.

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